parece-lhe que foi pela “Província de São Paulo”) [1] — e puzera--se a descompor o patrono do liberto, chamando-o repetidamente de bode. O apodo não melindrava Gama, que vivia a fazer ditos picantes acerca de sua qualidade de mestiço. Mas tanto insistiu o outro na descomponenda, que o abolicionista resolveu desapontar o adversario. Encontrando-o na rua, achegou-se-lhe, dizendo que precisavam desmanchar uma diferença.
O cel. Xavier supondo que era um convite para as vias de fato, irritou-se e perguntou-lhe em tom violento:
— Pois você já não me furtou o negro? Ainda quer desmanchar a diferença? Diferença de que, seu bode?
— Justamente essa — replicou calmamente Gama — Eu não sou bode, eu sou negro. Minha côr não nega. Bode é V. Exa., que pretende disfarçar, com essa côr clara, o mulato que está por baixo.”
Ha outra perfeitamente averiguada, [2] e que tambem se conta, ás vezes, mas sem atribuir a paternidade ao verdadeiro autor.
Numa audiencia em que Luiz Gama, como advogado, teve necessidade de ouvir o Brigadeiro Carneiro Leão, homem que gostava de se referir com visivel prazer á sua aristocrática ascendência, e que fazia, sempre que calhava, e mesmo quando não calhava, alusões ao seu brazão, o