O’ si Deus sobre a terra derramasse
Moedas de quintal, causando horror,
Inda assim saciar não poderia
A fome dum voraz procurador!
Prestante pai da patria — homem de peso!
Entre rato e baleia — acachapado —
Morde aqui, roi ali. lambe acolá —
Mete dentro do bucho o Corcovado!
Se quereis, ó leitor, ver já por terra
Cambises, que enguliu sua consorte,
Sim, prodigio maior vos apresento:
Um Ministro vos dou — papal Mavorte —
Que abusando das leis da natureza,
A’ mäi pátria se agarra, como louco,
Chupita a pobre velha, e logo brada,
Batendo no bandulho: — Inda foi pouco!
Deixemos, pois, atraz a gloria antiga,
Das potentes gargantas esfaimadas.
Hosanas entoemos furibundas.
A’s modernas barrigas sublimadas.
Que feitos gloriosos desta laia
gravados viverão na lauta história,
no perfume do vinho, e dos guisados
voarão sobre as azas da memória.»
Este trabalho aparecia já na edição de 1859, isto é, na estréa do ex-escravo e analfabeto de 1847. O agridoce e risonho veneno que manava ininterruptamente de